jueves, 24 de julio de 2014

FERNANDO PESSOA: VIVIDURÍAS DE LISBOA

...amo o Tejo porque ha uma cidade grande à  beira d'elle. Goso o ceu  porque o vejo de um quarto andar de rua de Baixa. Nada o campo ou a natureza me pode dar que valha a majestade  irregular da cidade tranquilla, sob o luar, vista da Graça  ou de S. Pedro de Alcantara.  Nâo ha para mim flores como,  sob o sol, o colorido variadissimo de Lisboa.


A artificialidade é a maneira de gosar a naturalidade. O que gosei d'estes campos vastos, gosei-o porque aquí  nâo  vivo. Nâo  senté a liberdade quem nunca viveu costrangido.

É   na harmonía entre o natural e o artificial  que consiste a naturalidade da alma humana superior.

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